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Quando falamos em respeitar os direitos autorais das canções, seja na mídia ou em um espetáculo, vemos a troca de acusações envolvendo interesses comerciais e o embate entre escritórios de advocacia. Se o assunto se refere a uma denúncia de plágio, polêmicas alimentam o noticiário, como ocorreu no caso do grupo de rock Led Zepellin, no mês passado.


No Brasil, a tentativa de resguardar os direitos do autor da canção começou no início do século XX, na Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT). Foi com o aparecimento da União Brasileira de Compositores (UBC), em 1938, e posteriormente com a fundação da Sociedade Brasileira de Autores e Compositores Musicais (SBACEM) — uma dissidência da UBC — que o compositor brasileiro passou a se organizar de modo mais efetivo. Entre os fundadores da SBACEM, em 1946, estava o compositor Marino Pinto, cujo centenário de nascimento será comemorado no próximo dia 18.


Natural de Bom Jardim, no interior do Estado do Rio, foi gravado por Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Orlando Silva, João Gilberto, Maria Bethânia, Ney Matogrosso e, mais recentemente, por Paula Morelenbaum, Nina Becker, Céu, Ana Carolina e Tulipa Ruiz. Em seu disco “Gilbertos samba”, Gilberto Gil regravou “Aos pés da cruz” (parceria com Zé da Zilda).


Enquanto criava uma obra de quase 300 canções, Marino Pinto atuava na luta pelo direito autoral, tendo integrado o conselho deliberativo da SBACEM, tornando-se depois presidente da entidade, sendo reeleito seguidas vezes, até sua morte, em janeiro de 1965, aos 48 anos.


Nessa militância pelo reconhecimento do direito do compositor, Marino estava ao lado de Ary Barroso, Dorival Caymmi e Herivelto Martins, seu parceiro em diversas composições, das quais a mais conhecida é “Segredo” (“Seu mal é comentar o passado/ Ninguém precisa saber o que houve entre nós dois”).


Se, no início da carreira, os encontros com os parceiros aconteciam em lugares como o lendário Café Nice, onde se aproximou de Ataulfo Alves, com quem compôs “Fale mal, mas fale de mim”, ou Wilson Baptista, com quem fez sambas como “Preconceito” e “Largo da Lapa”, o direito autoral foi um elo a unir parceiros como Mário Rossi, com quem dividiu o sucesso “Que será” (“Que será/ Da minha vida sem o teu amor”).


Outro desses encontros foi com Antônio Carlos Jobim, com quem Marino compôs cinco canções, incluindo “Sucedeu assim” e “Aula de Matemática”, que na letra original, disponível no Acervo do Instituto Antônio Carlos Jobim, chamava-se “Matemática do amor”.


No mesmo acervo, colado à partitura de “Ai, quem me dera”, encontra-se o manuscrito da letra desse samba-choro, que permaneceria inédito até a gravação do disco Tom e Edu, em 1981.


Reticente com a bossa nova, Marino, no entanto, se tornou parceiro de expoentes do movimento, como Carlos Lyra e Chico Feitosa, além do próprio Tom.


A obra de Marino Pinto mostra aspectos significativos da atuação do compositor popular brasileiro, entre as décadas de 1930 e 1960. Saudemos seu centenário de nascimento.

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